sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Façam perguntas que nós respondemos

A imagem física é, hoje em dia, uma das preocupações de homens e mulheres. Como diz o Paulo Soares, o psicólogo que nos acompanha nestas "Dependencias", a imagem é "o nosso cartão de visita" e todos queremos parecer bem e agradar aos outros. Essa pressão é uma das causas dos distúrbios alimentares...a pressão social, a necessidade ser aceite juntamente com um défice de segurança levam aos distúrbios alimentares, a anorexia e a bulimia nervosa.
É disto que andamos a falar no nosso programa de quatro minutos. Precisamos da vossa colaboração. Ajudem-nos a falar nos temas, elaborem questões para que lhes possamos responder aqui, em directo.
A ideia é falar de todos os tipos de "Dependências", a da droga, a dos alimentos, a das pessoas, do roubo, da mentira, do jogo...enfim...tantas e que geralmente estão ao nosso lado. Podem ser a história de um amigo, de um familiar ou pode ser uma curiosidade vossa. perguntem que nós agradecemos.

3 comentários:

Caramela disse...

Boa tarde,

Antes de mais gostaria de vos dar os parabéns pelo programa e felicito a ideia do blog que permite um contacto diferente com os ouvintes.

Em muitos programas falam da importância da prevenção e assim a minha pergunta é onde está a prevenção no que diz respeito aos distúrbios alimentares?

Somos cada vez mais uma sociedade focada no corpo e muitas vezes infelizmente num corpo que não devemos ou poderemos ter.
Constantemente pensamos em todo o tipo de coisas para modificar um corpo que é o nosso, desde as clínicas/institutos de beleza, as cirurgias plásticas, os comprimidos para emagrecer de venda livre, dietas do género "perca 15kg em 15 dias" (como se isso fosse possível, desejável e/ou saudável), etc. Não digo que se não estivermos contentes com o nosso corpo não possamos fazer algo para o modificar, mas não exageremos.
E as conversas das mães com filhas? Quantas mães não dizem às filhas, ainda crianças, "Para ser bela é preciso fazer sacrifícios". Pessoalmente eu oiço este tipo de comentários cada vez mais. E pergunto me se vale mesmo a pena o sacrifício. Não vale mais aceitarmo-nos como somos em vez de andarmos sempre a tentar mudar?

E voltando à questão da prevenção dos distúrbios alimentares. Quantos profissionais de saúde "ignoram" uma jovem que apresenta claramente um certo distúrbio na sua relação com os alimentos, mas que no entanto não tem, por exemplo, baixo peso, e por isso é ignorada ou o seu sofrimento minimizado quando tenta procurar ajuda?

Se pensarmos que muitas destas jovens com um distúrbio alimentar muitas vezes só recorrem aos profissionais de saúde quando já se encontram debilitadas devido à sua perturbação e que na maior parte das vezes são forçadas a procurar ajuda e portanto recusam e não cooperam com os profissionais de saúde, não valia mais a pena ajudar a jovem quando esta ainda não apresenta os critérios definidos para ter um diagnóstico de um qualquer distúrbio alimentar? Ou será que preferimos esperar que esta jovem esteja às portas da morte para a ajudar? Ou esperamos que aconteça como às duas modelos brasileiras e "simplesmente" morram? Não nos podemos esquecer que apesar de tudo os distúrbios alimentares podem matar e são das raras perturbações mentais que por si o podem fazer.
Os critérios existentes para um diagnóstico de anorexia ou bulimia são assim tão importantes para os profissionais de saúde? É que, por exemplo na anorexia, ter peso 15% abaixo do peso considerado normal e a perca da menstruação, já é por si só bastante grave e poderá ter consequências futuras gravíssimas a nível da saúde da pessoa. Não penso que seja necessário esperar até essa altura.

Obrigada pelo tempo a ler este comentário e se alguém me puder esclarecer sobre a prevenção eu iria ficar bastante agradecida. Porque até agora parece que a prevenção neste assunto é simplesmente inexistente.

SK disse...

Embora para muito fosse o desejável, a verdade é que este é um tema que divide muito as pessoas, e que de certa forma se escuda numa barreira brutal do politicamente correcto, quando a discussão pode assentar numa única lógica:

Equilíbrio.

Vejamos então:

Quando tanta gente se preocupa com os surtos de anorexia, e os efeitos da chamada pressão publicitária, existe o outro lado do problema. Um lado que deriva de um descuido intencional e despreocupado com a nossa metade de carne, tão importante como a outra. Afinal de contas, a saúde física acabará por toldar a mental, nem que seja por tolher a saúde.
Proibe-se e gritam-se impropérios (o que acho muitíssimo bem, atenção!!!) ao excesso de magreza nas passerelles, e o desajustamento dos tamanhos nas lojas com o cidadão comum, mas poucos espingardarão da mesma forma, e em alto e bom som contra a obesidade, contra os hábitos alimentares estapafúrdios e a ausência de uma lógica de cuidado com o corpo. Se alguém não come, é visto como estranho, desviante, mas o gajo que enfarda os hamburgueres com maionese e os bolos de creme é "um bem disposto", mas no fundo, e no extremo, será tão desviante como o outro. Mas aqui parece existir mais tolerância. Os problemas para a saúde são os que se vêm, em ambos os extremos do problema. Nada que exercício e algum cuidado consigo mesmo não resulte. Mas... e esse é que é o problema, em meu ver.
A dimensão humana das pessoas não pode ignorar a questão física. Em muitos casos, sobrevém o politicamente correcto, mas associar a qualidade das pessoas apenas ao seu universo interno é, em meu ver, parcelar, e quase nunca se verifica. Quase, não generalizando, atenção.
A verdade, parece-me a mim, é que a lógica do equilíbrio deve ser incutida, e a saúde do corpo acabar por ser propalada como um óbvia coadjuvante da saúde mental. Os exageros são afinal de contas os desvios que geram a tal dependência do culto do físico, em meu ver, são um alheamento imaginado assente numa ilusão unidimensional. Quer-se ser magro, ou jovem, ou belo, ou o diabo a quatro. Aceitar-se a si mesmo nunca deverá por em causa a evolução pessoal. Aceitar-se a si mesmo não deverá significar um estacar, uma imobilidade na qual a progressão (lá está) física e mental caminham a par e passo. Não falo obviamente daqueles que não podem cuidar do físico porque as condições materiais não lhos permitem, mas falamos da imensa mancha daqueles que, podendo, não o fazem. E depois repugnam os efeitos das suas escolhas, alardeando que o mundo olha para as coisas erradas. Mas eu tenho uma outra ideia. O corpo sem mente é um manequim de loja, pálido, inanimado e como tal, "morto". Mas a mente sem corpo parece uma abstracção simpática, um wishfull thinking que acabaria por tornar possível a erradicação do desejo físico, ou a forma de o apontar unicamente para onde o mesmo nos desse jeito.
Digo apenas que a chamada dependência ou focalização no corpo, quando transformada em exagero, transforma-se num problema sério, perigoso e triste. Especialmente porque não precisamos de chegar á anorexia para perceber a tirania do visual em alguns contextos. Mas como adaptando H. Rubestein, se não me engano (ou era Chanel?) Não existem pessoas feias, mas sim existe uma carrada de gente preguiçosa (a qual pode efectivamente fazer algo para mudar o status quo) que em muitos casos descarrega a frustração dessa mesma preguicite na defesa intransigente de algo que, a bem dizer, é também limitativo. É um clichê maior, mas nem por isso está errado. Mens sana in corpore sano. Sempre.
E se uma mente pode evoluir lendo, vendo, cheirando, ouvindo, porque raios isso não está intimamente ligado ao facto de poder manter-se o melhor possível fisicamente, aliando saúde a uma parte da sua identificação, que é sem dúvida o corpo?
Giordanno Bruno era um génio, e simultaneamente um atleta fantástico.Não precisamos de ir aí, mas haverá de facto algum mal em tentar-se estar o melhor possível mental e fisicamente? Ou só existe realmente uma dimensão de saúde e capacidade de atracção?
Pois...
Dependência, seja de magreza ou gordura mortais, resultam, na maior parte das vezes, do desiquilíbrio de uma parcela do ser que acaba por sufocar as restantes. E sinceramente, somos tudo. Corpo e mente. E a partir do momento em que deixemos de querer evoluir nessa matéria, estacamos, e a legitimidade para defender o "ser como se é" acaba por claudicar.
Julgo eu.

Obrigado pela pachorra. :)

SK

emanuel disse...

ola boa noite.desde ja os meus sinceros parabens pela vossa rubrica.venho a este blog deixar a minha opiniao para um futuro tema:a vigorexia.uma doença pouco conhecida do publico mas extremamente importante.agradecia que aprofundassem esse tema.obrigado e mais uma vez boa noite